Manhã linda de inverno, acordo disposta a aceitar todas as mudanças que batem a minha porta. Pego meu diário e começo passar todos os rascunhos a limpo, com letra bem legível e com alguns lembretes importantes para não esquecer.
Faço uma seleção de músicas, entre elas algumas que marcaram minha vida, que inspiraram muitas palavras e embalaram muitas noites que suportei com alguns sentimentos. Salvei tudo dentro do mp3 e o coloquei junto com as diversas coisas espalhadas sobre minha cama.
Coloquei na velha mochila, com marcas da última viagem, algumas peças de roupas listadas como essenciais para o percurso que irei seguir. Como o tempo não decide realmente como quer ficar, peguei um pouco de tudo, lotando a pobre coitada que implora por aposentadoria.
Na bolsa de mão, minha companheira de sempre, aquela que registra todos os momentos que vivo e me faz voltar onde quer, mesmo que meus pés não me permitam. Um bloco de notas fica em um lugar acessível, juntamente com várias balas que irão adoçar os dias difíceis longe de casa.
Pego o celular, mando algumas mensagens deixando um "até logo" a todos e vou rumo a viagem mais complicada dos últimos anos, pra ser mais exata, dos últimos 22 anos. Não sei quando volto, por isso cada passo será tão difícil.
Vou rumo ao guichê para comprar minha passagem, enfrento aquela fila típica de final de semana. Quando chega minha vez a moça com voz forçada querendo ser simpática pergunta meu destino e eu digo com voz forte: "Rumo a Felicidade". Ela pergunta se é para uma pessoa, olho para os lados, dou de ombros e confirmo que sim.
Com a passagem na mão vou rumo ao box que encontra-se meu ônibus. Como de costume estou adiantada e pela primeira vez isso não me agrada. Por alguns segundos desejo não embarcar. Desejo não deixar quem eu gosto. Mas, quem está ali comigo para se despedir?
O velho relógio da rodoviária está diante do meu acento e noto quando os ponteiros vão rumo ao horário de partida. O motorista liga o ônibus, avisto pela janela alguns acenos e percebo que nenhum destinado a mim. Coloco o fone nos ouvidos e fecho os olhos com a intenção de enfrentar bem as longas 12 horas de viagem e chegar bem há Felicidade.
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